8.29.2018

O release, a adjetivação e a eterna discussão sobre a linguagem



Jornalistas e assessores de imprensa dependem mutuamente um do outro. A lógica da relação entre os principais elos do jornalismo deve ser pautada na confiança e no respeito. É fundamental que ambos os profissionais estejam alinhados e entendam as particularidades da rotina e do trabalho de cada um.

As redes sociais, muito embora ainda incipientes, têm-se mostrado como uma peça fundamental na relação entre jornalistas e assessores. Elas fornecem a via de mão dupla da pauta + fonte em um ambiente de rápida comunicação e pouco desvio de atenção ao trabalho. Fechar uma pauta por meio do Facebook ou WhastApp tem se tornado comum e prático.

Embora traga essa comodidade, a social media também tem a função de levantar questões importantes, outras nem tanto, para a compreensão do dia-a-dia desses dois profissionais. Inúmeros tópicos são criados em grupos que, por vezes, fazem acalorar discussões sobre comunicação, assessoria de imprensa e jornalismo.

Outro dia, em um desses grupos fechados de Facebook, um participante levantou a questão sobre a adjetivação que os assessores de imprensa dão aos releases de seus clientes. “O bar mais descolado da cidade”, “o maior especialista em fibra ótica”, “a celebridade mais influencer do mundo da moda” são alguns exemplos de frases de textos em assessoria de imprensa. As críticas por parte do autor do tópico, no meu entender infundadas, geraram grande debate e refletem ainda, mesmo após anos, uma sensação de ‘rixa’ entre (alguns) jornalistas e (alguns) assessores.

É evidente que o papel do assessor de imprensa é enaltecer todas as qualidades de seu cliente/fonte, usando para isso todos os artifícios da língua portuguesa e das ferramentas de marketing que, não sejamos incoerentes, são embutidas nos releases. Queremos demonstrar que o nosso cliente/fonte é o melhor, o mais diferenciado, que tem expertise fundamental para determinada pauta do jornalista, etc.

Não medimos esforços, e adjetivos, para criar esses materiais de divulgação – release, notas, artigos, etc. – que façam os olhos dos jornalistas brilharem. Como também não esperamos, pela imparcialidade que a imprensa exige, que as mesmas qualidades que atribuímos sejam publicadas e reverberadas na matéria. A adjetivação é apenas um diamante bruto sobre o cliente/fonte. Cabe ao jornalista lapidá-lo da melhor forma.

MARCOS Vargas
Redação e Assessoria de Imprensa na Lb Comunica,
Rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política

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