Cá estou eu de novo para falar sobre algo que está muito presente na minha vida e faz o meu coração transbordar de alegria, agonia, ira, ou, sendo mais racional, permite refletir sobre o simples fato de existir e viver: C-I-N-E-M-A.
Os filmes têm me envolvido de outras formas hoje, despertando as memórias da infância, a vontade de fazer algo, abrindo gavetinhas que estavam trancadas na minha mente, pensando em comportamentos e atitudes de sobrevivência dos seres humanos.
Oh, mas por que tão dramática e filosófica?
Vou contar a vocês! Há um mês, estou fazendo um curso maravilhoso de teatro, que usa como recursos o conhecimento, o estímulo e o uso consciente da sensação e da emoção, na busca pelo gesto mínimo e essencial. Trabalhamos a respiração em sintonia com o corpo e a serviço da linguagem proposta.
Meu professor é bem exigente e, de cara, já passou uma lista de estudo: uns 20 filmes, 10 livros, textos teóricos e algumas peças teatrais. Estou ficando maluca porque dá vontade de ler tudo, assistir a uma quantidade universal de fitas e estar presente nos palcos para ver as cenas fictícias.
Não bastasse a vida real, que anda corrida, quero abraçar esse mundão de sonhos e realidade, que relaxa, mas enlouquece, provoca ansiedade e consequentemente insônia. Dá vontade de passar noites em claro me alimentando de palavras sábias, profundas e polêmicas.
Escolhi 4 filmes para dividir minhas opiniões, além de fazer indicações e apresentar para quem não conhece:
Persona, de Ingmar Bergman: trabalha as máscaras que o ser humano utiliza na vida. Retrata uma atriz (interpretada por Liv Ullmann, que foi casada com Bergman entre 1966 e 1971), que deixa de falar durante uma representação teatral de Electra e viaja com uma enfermeira para ser cuidada e tratada, como se estivesse doente.
Dá um certo desespero porque essa acompanhante ao mesmo tempo que pode desabafar e falar o que quiser, já que a atriz teoricamente só pode ouvir, não tem a troca de opiniões e sente-se rejeitada.
O que mais me chamou atenção foi o fato de Persona instigar o espectador a decifrar suas imagens e seus significados implícitos.
A Outra, de Woody Allen: fala de casamento, infidelidade, escolhas, relação pais-filhos, rivalidade entre irmãos, reavaliação de rumos, maneira com que expressamos (ou escondemos) sentimentos, como muitas vezes não sabemos avaliar nosso próprio comportamento e fazemos de nós mesmos uma imagem muito diferente daquilo que realmente somos.
Marion (Gena Rowlands) é uma acadêmica quinquagenária fria, metódica e organizada, casada com o médico cirurgião Ken, admirada por alunos e amigos e com relacionamentos supostamente equilibrados com o marido e parentes (pai idoso e irmão mais novo que está para se separar da esposa). Ela aluga um quarto para escrever um livro e começa a ouvir por acaso pacientes de um analista que mantém escritório em sala ao lado.
Chama sua atenção uma mulher jovem e grávida que a faz relembrar o passado e mudar profundamente a forma como encara a vida.
Poder Além da Vida, dirigido por Victor Salva: mexe principalmente com o ego e o poder do espírito humano. A minha “lição” ao ver foi: temos muito a aprender e mais ainda para deixar para trás.
Dan Millman é um talentoso ginasta com sonhos Olímpicos, tem troféus, amigos, motos velozes, belas garotas e vai a festas animais, mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando conhece Sócrates (Nick Nolte), um homem estranho e misterioso capaz de entrar em contato com novos mundos de força e compreensão.
Após um grave acidente, Sócrates ajuda Dan a se tornar um “Guerreiro da Paz” e encontrar seu destino.
Holy Motors, de Leos Carax: quando comecei a assistir, fiquei bem confusa e pensei “é isso mesmo, ou pirei?”. Simplesmente o protagonista Monsieur Oscar (Denis Lavant) passa o dia inteiro dentro de uma limusine dirigida por Celine (Edith Scob) pelas ruas de Paris, cujo interior mais parece um camarim de teatro, com figurinos, maquiagem, espelho... enfim, tudo que precisa para tornar-se outras pessoas, como um duende deformado que sai do esgoto dentro de um cemitério, aterrorizando a todos, roubando e comendo flores até chegar a uma sessão de fotos para raptar uma modelo (Eva Mendes), uma velhinha que pede esmola, entre outros seres bizarros.
Em Holy Motors, as relações humanas são apenas encenadas e não de fato vividas.
Bom, tem outros que vão ficar para a próxima. Espero que assistam e gostem!
Todos deixaram um rebuliço no meu cocuruto e amei.
ADRIANA Pinheiro
Redação e Assessoria de Imprensa da LB Comunica, curte uma boa caminhada e vive acompanhada de seus sons e notas musicais | |