3.07.2019

Exemplos, heróis e ídolos



Em tempos de influenciadores, blogueiros e afins, o exemplo pode vir de onde menos se espera ou, pior, de onde não deveria.

Se você passou dos 40 ou se via essa postura em casa, muito provavelmente admira alguém com grande experiência naquilo que desperta seu interesse. Certamente é/foi fã de Ayrton Senna, por sua persistência e simplicidade, do enxadrista Garry Kasparov, por sua inteligência estratégica na frente do tabuleiro, de Pelé, por sua genialidade com a bola, do empresário Jorge Paulo Lemann, por seu brilhantismo na gestão de alta performance. Ou lembra hoje com carinho, apoiado pelo decorrer do tempo, de uma professora que ensinou tudo o que você sabe de português. Tudo depende de seus gostos, preferências.

Recentemente, recebi uma mensagem com uma foto: uma amiga havia encontrado um gênio em seu segmento, uma pessoa que conheci e que admiro. Que bom foi ter a oportunidade de enviar uma resposta e expressar minha homenagem a uma lenda viva, a alguém que pude convidar para ministrar uma palestra quando esteve no Brasil!

Mas o que dizer de uma geração que acha que não tem nada a aprender com os mais velhos? Que nasceu sabendo e troca os ensinamentos dos pais, professores, inventores, desbravadores, por qualquer coisa que leem nas redes sociais, nos blogs?

E qual é a importância disso?

Não sei a sua opinião, mas parece grande para mim. A internet em geral, e as redes sociais em particular, abriram o acesso a uma infinidade de fontes. Com isso, cresce a importância de buscar referências variadas, e as melhores! E podemos pensar nisso aplicado a qualquer setor. No Direito, a busca pelos grandes doutrinadores do passado e professores mais inovadores e respeitados do presente, de acordo com a área que se pretende entender. No jornalismo, pelas melhores cabeças, do profissional renomado àquele destaque em seu segmento, além dos princípios da escola jornalística que você segue, de dicionários consagrados, do vocabulário reconhecido pela Academia Brasileira de Letras, para citar alguns exemplos. E aí, claro, em qualquer plataforma que estejam, nos impressos, na internet, no rádio...

Temas polêmicos? Parece essencial e quase óbvio a necessidade de ler mais de um autor, conhecer várias opiniões distintas para formar a nossa, para que possamos ter uma compreensão mais aprofundada sobre qualquer coisa. Mas vemos que, em geral, basta ouvir uma visão para defendê-la bravamente, acima — e, por que não, a despeito — de todas as outras! O amadurecimento pode trazer o entendimento de que nem tudo é 100% de um jeito ou 100% de outro. Mas já ouvi que pode trazer o aumento da intolerância também!

É perfeitamente “ok” falar “eu não sei”, para depois pesquisar e responder com mais propriedade. Precisamos de tempo para isso e para escolher os nossos influenciadores e as nossas referências. Quem serão nossos exemplos, nossos heróis.

Quanto a nós, se pensarmos que cada um já tem um círculo de influência, e como isso pode crescer, que sejamos influenciadores dos bons: responsáveis, sérios, coerentes, flexíveis, sempre prontos a receber diferentes visões para construir nosso conhecimento.

ADRIANA Gordon
Coordenadora de redação da LB Comunica,
Advogada e mãe em tempo integral

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