Se você acha meio estranho uma pessoa qualquer, gente como a gente, postar em que restaurante está, a foto do prato que está comendo, temos algo em comum. Se não entende o motivo de alguém dar parabéns para o marido por uma rede qualquer, e fica imaginando o porquê de não fazer isso pessoalmente, já que moram na mesma casa, então você pode ser tão estranho(a) quanto eu no relacionamento com as redes sociais.
O fato é que, paixões e rejeições à parte, há usos interessantes, como se vê nas atuais eleições. A análise dos especialistas é que os líderes nas pesquisas de opinião são os candidatos que as utilizam muito e bem, distanciando-se dos que focam em modelos tradicionais de campanha, como o corpo-a-corpo e o horário eleitoral.
Claro que não se pode atribuir o sucesso apenas à comunicação via internet, mas se mostra muito eficaz e dribla a pouca exposição de alguns em outros meios.
Na mesma velocidade das declarações dos candidatos em seu próprio benefício, circulam as mensagens de ataque contra os concorrentes, as falsas e as verdadeiras, os desmentidos, os contra-ataques. E o eleitor fica no meio, recebendo a mesma mensagem de vários grupos diferentes, depois as mesmas desculpas quando alguém descobre que aquela notícia não era verdadeira ou que era de anos atrás, relacionada a outro contexto.
Penso que as boas práticas devem ser discutidas e analisadas periodicamente para o melhor uso das redes sociais. E não é uma questão de ser politicamente correto. É mais do que isso.
Na vida do cidadão comum, o que multiplica e o que divide nessa utilização? Ler um texto bem escrito, daqueles que dá uma inveja boa de não ter sido seu? Adoro. Para mim, isso multiplica — comento, compartilho.
Outras posturas dividem, provocam sentimentos que podem não ser positivos. Há postagens que fomentam o conflito, desrespeitam identidades e convicções, podem até desfazer amizades. Mostram um mundo de gente feliz e realizada, 24/7, 365 dias por ano, todos altos executivos, todos lindos como comercial de margarina. Há grandes discussões sobre o que isso tem feito na cabeça dos nossos adolescentes, que ainda estão aprendendo a ser adultos e a lidar com os fatos de não serem perfeitos, de não terem tudo, de não poderem tudo.
O desafio é descobrir como usar as redes sociais da melhor forma possível para aprimorar a comunicação, para aumentar a conexão, para ser útil e construir, e não o contrário. Brevíssima reflexão de quem é quase extraterrestre em (quase) todas elas.