Você
já deve ter notado que os produtos mais novos, especialmente eletrodomésticos,
eletroeletrônicos e eletroportáteis, possuem uma durabilidade cada vez mais
questionável. Itens que antes tinham vida útil de aproximadamente 10 anos,
hoje, costumam apresentar falhas bem antes disso.
Se
você já reparou nisso, deve estar se perguntando: mas com tanta tecnologia à
nossa disposição, como é que os aparelhos tendem a ficar mais frágeis ao invés
de melhorarem a sua durabilidade com o tempo?
A
resposta vem em dois segmentos diferentes. O primeiro tem um nome difícil, mas
é bem simples de entender. Podemos chamá-lo de obsolescência programada. As
grandes indústrias têm um objetivo comum: gerar lucro. E, com métodos de
produção em massa que garantem um número máximo de produtos no tempo mínimo possível,
é preciso estimular as pessoas a continuarem consumindo incessantemente para
que a roda de produção nunca pare. É aí que entra a nossa, não tão querida, mas
constante, obsolescência programada. As indústrias produzem objetos cada vez
mais descartáveis, com vida útil reduzida ou com novos atributos de maneira
intencional, para que o consumidor veja o atual como antigo e, dessa maneira,
sempre mantenha o ciclo do consumo ativo.
A
publicidade também é uma peça chave nesse sistema. É ela que apresenta ao
consumidor de maneira sedutora as novidades dos mais variados produtos,
causando a ânsia de possuir no seu receptor. Todos os dias, a publicidade nos
mostra que, ao adquirir determinado item, alcançaremos uma sensação ilusória de
felicidade e bem-estar. Entretanto, tão logo é lançada a versão nova deste
produto, que acabamos voltando ao estado de insatisfação inicial.
Esse
consumismo exagerado gera resíduos, que, na maioria das vezes, não são
descartados da maneira correta e podem prejudicar o ambiente que vivemos a
curto e longo prazo. Como disse Serge Latouche, no documentário Obsolescência
Programada, "vivemos numa sociedade em crescimento, cuja lógica não é
de crescer para satisfazer as necessidades, e sim crescer por crescer. Crescer
infinitamente com uma produção sem limites. E, para justificar esse
crescimento, o consumo deve crescer sem limites".
Sendo assim, em tempos tão conturbados, é
necessário rever as necessidades e consumir de maneira consciente. E a
publicidade tem um papel fundamental na mudança do comportamento da massa, já
que é por meio dela que inserimos novos hábitos em nosso cotidiano.
WEVERTON Moreira Criação na Lb Comunica, Mineiro perdido no caos de SP, fã de música, cinema e outras culturas. |