Desde o princípio dos tempos existe uma discussão sobre o
papel da mulher na sociedade, e com tudo isso, muitos direitos e espaços já
foram conquistados, mas ainda há muito o que fazer. Em específico, o setor da
publicidade costuma ser predominantemente comandado por homens, com
representações estereotipadas das mulheres que não condizem com a realidade.
Nestes primeiros dias do ano, essa discussão sobre o papel e
a função da mulher tem sido cada vez mais frequente em vários meios, e
especificamente me levou a pensar em qual é o “papel” da mulher publicitária.
Por isso, neste meu primeiro texto de 2019 para o Lblog, quero falar sobre
alguns projetos de mulheres e especialmente para elas que buscam igualdade,
respeito, oportunidades e representatividade no setor, também na forma de se
comunicar.
Mas antes disso, seguem alguns dados sobre as mulheres nesse
mercado:
- Apenas 6% das mulheres estão em posição de liderança nas
agências;
- 90% das mulheres já foram vítimas de assédio nas agências;
- Menos de 20% das mulheres estão presentes no setor de
criação das agências;
- 65% das mulheres não se sentem representadas pela
propaganda brasileira, sendo que 85% delas tem o poder de compra em todos os
setores da economia;
- 77,4% já tiveram que ignorar piada machista por medo de
represália;
- 81,3% se sentiram julgadas por sua aparência;
Os projetos que vem a seguir são algumas ações que já são
realizadas para quebrar as estatísticas citadas acima, e vale muito a pena
conhecer cada uma:
O projeto mulheres (In) visíveis foi feito pela consultoria
65|10 em parceria com a Adobe, para criar um banco de imagens do Adobe Stock
que traz a diversidade das mulheres brasileiras como protagonista. Entre elas,
fotografias de mulheres negras, gordas, lésbicas e trans. O time de mulheres
que fez o projeto virar realidade também conta com grandes nomes, entre eles
Thais Fabris, fundadora da 65|10; Helen Salomão, fotógrafa; e Gabriela Viana,
diretora de marketing da Adobe da América Latina.
More Grls é uma plataforma criada pelas publicitárias Camila
Moletta e Laura Florence para divulgação dos trabalhos das profissionais nas
áreas de publicidade, conteúdo e design. A missão da plataforma é fazer com que
as agências assumam o compromisso de ter 50% das mulheres na criação até 2020.
O projeto Women in Digital possui a missão de conectar
mulheres dos setores de marketing e publicidade através de eventos e
conferências só para elas. A fundadora do projeto Alaina Shearer conta que
apenas 4% dos ingressos destes eventos são reservados para homens, número esse
que reflete a porcentagem de mulheres que ocupam cargos de CEOs nas empresas
citadas pela Fortune 500 no ano de 2016.
A empresa de educação à distância especializada em
comunicação destinada à mulheres, foi fundada pela empresária Amanda Costa e
busca democratizar o conhecimento em comunicação e marketing digital com cursos
online de comunicação, posicionamento de marca, marketing digital e vendas.
Fundada por Juliana de Faria, Maíra Liguori e Nana Lima, a
Think Eva é uma consultoria para marcas e empresas que desejam falar com as
mulheres de forma menos estereotipada, buscando a representatividade feminina e
gerando uma conversa respeitosa, ao contrário do que vem sendo realizado de
forma massiva na comunicação.
Programa criado em 2014 para ampliar a presença feminina no
festival de Cannes, que contou com uma brasileira na edição de 2018. A redatora
Jéssica Gomes passou por uma série de workshops, debates, imersão nos trabalhos
criativos inscritos e trocas de experiências, a fim de fortalecer a presença
feminina na indústria e nas premiações internacionais junto com outras 19
criativas de todo o mundo.
O Tumblr criado por Gabriela Ramalho e Nayla Alana traz
fotos reais de agências ao redor do mundo onde existe apenas uma mulher ao
redor de vários homens em suas equipes. Assim como as fotos, o projeto busca
mostrar que o problema é real, e que precisamos de mais mulheres na
comunicação.
É um projeto do Google que não tem o foco somente em
comunicação, mas que tem como objetivo criar oportunidades para desenvolver o
sucesso das mulheres ao redor do mundo.
A mulher, seja na publicidade ou fora, tem o direito de ser
o que ela quiser, e não apenas definida por um papel. Seja ela mãe,
profissional, dona de casa, os três juntos ou os três separados. A mulher é a
protagonista de sua história. Conhecer, participar e incentivar projetos como
os citados neste artigo fortalecem a nossa rede para que a nossa voz seja
ouvida.
Bom 2019 para todos!