Trabalhar com diversos porta-vozes dentro de um mesmo
cliente e/ou função é um grande desafio, tendo em vista que uma “fonte”, a
chamada linha de frente da empresa com a imprensa, nunca é igual a outra. Por
mais que todos estejam alinhados com as políticas comunicacionais, de ética e
de qualidade da empresa que representam, quase sempre as particularidades se
sobrepujam às similaridades.
Ao assessor de imprensa imbuído nesta situação cabe,
indubitavelmente, estabelecer de forma rápida e precisa a análise de cada
perfil, separadamente, além de parâmetros de confiança que sejam suficientes
para determinar, sem contratempos e espera exagerada, para qual porta-voz uma
determinada demanda de imprensa será enviada, tudo de olho no atendimento ao
jornalista para não perder o timing da pauta e o deadline.
Com suas manias e excentricidades e seguindo as orientações
do assessor de imprensa, os porta-vozes buscarão, à sua maneira, atender o
jornalista da melhor forma possível. Nestes anos à frente da comunicação, já vi
diversos perfis de fontes, aos quais destaco alguns:
a) O
“responde-rápido” é a alegria do assessor de imprensa. Este, não importa a
complexidade do tema, o prazo, o veículo, sempre estará à disposição para
atender os jornalistas, independentemente de, às vezes, precisar parar o que
está fazendo para estudar o assunto ou falar ao telefone;
b) O do “briefing
detalhado” é aquele profissional que, ao chegar uma demanda de imprensa por
e-mail ou telefone, sempre solicita o máximo de informações sobre a entrevista
ou a proposta e o teor da matéria. Geralmente, é minucioso, detalhista e com
grande expertise, o que, por certo, cativa o jornalista do outro lado da linha;
c) O
“ocupado, de agenda cheia”, como a própria característica remete, é aquele que
temos que batalhar bastante para aparecer na mídia. Quase sempre, para dar
emoção ao trabalho da assessoria de imprensa, esta fonte é um expert em sua
área de atuação, o que faz com que valha a pena insistir para participar, pois
de antemão saberá que o resultado será excelente;
d) O
“inseguro” é um caso típico, que ocorre quando o cliente não tem familiaridade
com o contato com a imprensa e/ou sente que não está apto para a conceder
entrevista ou para falar sobre determinado assunto. Este caso requer traquejo
especial, quando temos, com parcimônia, que explicar os mecanismos da
entrevista e da importância de aparecer no veículo. Às vezes, com media
training. Tirar a insegurança de um porta-voz é recompensador.
A correria do dia a dia da agência de comunicação impõe
outro desafio, não menos importante, e que também está diretamente ligado ao
perfil de cada “fonte”: o de equilibrar a balança da aparição na mídia. Se por
um lado ter o porta-voz de confiança é essencial para o rápido atendimento aos
jornalistas, por outro “esquecer” uma fonte do cliente pode trazer alguns
problemas internos e externos.
No nosso leque de fontes, é preciso entender cada porta-voz,
suas manias e rotinas. Se o assessor de imprensa conseguir criar um vínculo de
amizade profissional e confiança, é provável que aqueles “linha de frente para
a imprensa” se transformem no tão sonhado “responde-rápido”.
MARCOS Vargas Redação e Assessoria de Imprensa na Lb Comunica, Rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política |