2.20.2019

Mania de você...


Trabalhar com diversos porta-vozes dentro de um mesmo cliente e/ou função é um grande desafio, tendo em vista que uma “fonte”, a chamada linha de frente da empresa com a imprensa, nunca é igual a outra. Por mais que todos estejam alinhados com as políticas comunicacionais, de ética e de qualidade da empresa que representam, quase sempre as particularidades se sobrepujam às similaridades.
Ao assessor de imprensa imbuído nesta situação cabe, indubitavelmente, estabelecer de forma rápida e precisa a análise de cada perfil, separadamente, além de parâmetros de confiança que sejam suficientes para determinar, sem contratempos e espera exagerada, para qual porta-voz uma determinada demanda de imprensa será enviada, tudo de olho no atendimento ao jornalista para não perder o timing da pauta e o deadline.
Com suas manias e excentricidades e seguindo as orientações do assessor de imprensa, os porta-vozes buscarão, à sua maneira, atender o jornalista da melhor forma possível. Nestes anos à frente da comunicação, já vi diversos perfis de fontes, aos quais destaco alguns:
a)            O “responde-rápido” é a alegria do assessor de imprensa. Este, não importa a complexidade do tema, o prazo, o veículo, sempre estará à disposição para atender os jornalistas, independentemente de, às vezes, precisar parar o que está fazendo para estudar o assunto ou falar ao telefone;
b)           O do “briefing detalhado” é aquele profissional que, ao chegar uma demanda de imprensa por e-mail ou telefone, sempre solicita o máximo de informações sobre a entrevista ou a proposta e o teor da matéria. Geralmente, é minucioso, detalhista e com grande expertise, o que, por certo, cativa o jornalista do outro lado da linha;
c)            O “ocupado, de agenda cheia”, como a própria característica remete, é aquele que temos que batalhar bastante para aparecer na mídia. Quase sempre, para dar emoção ao trabalho da assessoria de imprensa, esta fonte é um expert em sua área de atuação, o que faz com que valha a pena insistir para participar, pois de antemão saberá que o resultado será excelente;
d)           O “inseguro” é um caso típico, que ocorre quando o cliente não tem familiaridade com o contato com a imprensa e/ou sente que não está apto para a conceder entrevista ou para falar sobre determinado assunto. Este caso requer traquejo especial, quando temos, com parcimônia, que explicar os mecanismos da entrevista e da importância de aparecer no veículo. Às vezes, com media training. Tirar a insegurança de um porta-voz é recompensador.
A correria do dia a dia da agência de comunicação impõe outro desafio, não menos importante, e que também está diretamente ligado ao perfil de cada “fonte”: o de equilibrar a balança da aparição na mídia. Se por um lado ter o porta-voz de confiança é essencial para o rápido atendimento aos jornalistas, por outro “esquecer” uma fonte do cliente pode trazer alguns problemas internos e externos.
No nosso leque de fontes, é preciso entender cada porta-voz, suas manias e rotinas. Se o assessor de imprensa conseguir criar um vínculo de amizade profissional e confiança, é provável que aqueles “linha de frente para a imprensa” se transformem no tão sonhado “responde-rápido”. 


MARCOS Vargas
Redação e Assessoria de Imprensa na Lb Comunica,
Rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política

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