Um domingo destes fui almoçar em um shopping daqui da zona sul de São Paulo. A praça de alimentação estava um verdadeiro furdunço, filas enormes para todos os lados, principalmente nas redes de fast food. Enquanto olhava ao redor para escolher o restaurante que mais me apetecia, me deparei com uma situação que talvez muitas das pessoas nem tivessem percebido, ou talvez não tivessem dado importância. Um único restaurante tinha apenas duas pessoas na fila. Outras passavam por ele e era como se ele não estivesse ali. Até mesmo aqueles de comidas específicas tinham mais consumidores do que aquele solitário restaurante. O motivo para mim estava claro, e o norte da solução mapeado. Era como se eu visse um “antes e depois” ali, lado a lado. Acho que todo designer tem um pouco disso de imaginar como tal peça de comunicação ruim poderia ficar se tivesse um toque de bom gosto e profissionalismo.
O grande problema de muitas empresas é o dono achar que o sobrinho que mexe no computador ou o filho que aprendeu Corel Draw (muitas vezes nem isso, o pacote Office mesmo), pode dar um jeito na comunicação da sua empresa. Daí ele cria o logotipo (se é que pode-se considerar um), que muitos insistem em chamar de “a logo... a logomarca”, faz um folder, banner e cardápio com uma imagem do alimento que ele serve, fotografado na máquina que usou no último verão, e pronto, tudo certo! “Genial, ainda economizei uma pu baita grana!”, pensa ele. SÓ QUE NÃO #sqn! Não está tudo certo! Olhe ao redor, olhe os concorrentes. O que será que está diferente? E pode parecer que se resume apenas no visual, mas estou falando também de mecanismo estratégico.
Hoje em dia o design já ganhou um grande espaço no mundo corporativo. As grandes empresas já têm conhecimento e até mesmo adotado como conceito de que nenhuma comunicação é feita, seja para o cliente interno, trade ou para o consumidor final, sem passar por seu departamento de comunicação/marketing ou por sua agência.
Essa questão de branding e posicionamento são itens iniciais e essenciais, mas vai ficar para um próximo post. O que eu quero abordar é a importância do design no segmento gourmet. Sabe aquela imagem de comida que te dá água na boca? Ela consegue te persuadir! Você pede e, quando recebe, não é bem aquela que viu na foto. Ainda assim a imagem já está na sua mente e você acaba consumindo mesmo sabendo que foi quase um “gato por lebre”. Na verdade, os consumidores já têm resolvido na cabeça o que é publicidade e o que é real, afinal, quando usa-se aquelas letrinhas pequenas no canto da página ou rodapé deve ser algo do gênero: “Imagem meramente ilustrativa” ou “O produto final pode apresentar alterações desta imagem”. E não tem o que fazer, a não ser reclamar! Se a empresa for séria ou realmente preocupada com a opinião e satisfação do cliente, vai oferecer outro prato (que provavelmente não vai ser igual ao que está publicado) ou responderá que a notificação estava presente no anúncio. Mas aí vai depender muito do produto que você comprar.
Ano passado, uma cliente perguntou à rede de fast food quase que mundial, Mc Donald’s, porquê motivo o produto que aparecia nas propagandas era diferente do encontrado na loja. Ao invés de continuar abafando o questionamento, como vinha fazendo há anos, a empresa americana decidiu por responder, e não com um simples comunicado, mas sim por meio de um vídeo explicativo. Nele o Mc mostra que o sanduíche é realmente feito dos mesmos ingredientes, porém o preparo na loja leva cerca de um minuto, enquanto que o processo para montar o sanduíche para sessão de fotos publicitárias demora algumas horas". Essa ação circulou por inúmeros veículos de comunicação. Eu achei sensacional a posição deles!
Quando se fotografa de maneira profissional o produto gourmet, agrega-se qualidade e personalidade. O produto fica atrativo e conquista a fome do consumidor. Está em alta o “fotógrafo gourmet”, e não estou me referindo àquele do vídeo da Claro. Me refiro a um profissional focado neste segmento, que conhece técnicas visuais para deixar o produto mais interessante e suculento. E claro, depois de todo um trabalhão, a imagem ainda é tratada. Um bom layout de nada é válido se a imagem do produto não for de qualidade, é como nadar, nadar, nadar... e morrer na praia.
É uma etapa importante e que não deve ser pulada, de forma alguma, até mesmo porque é muito bacana produzir tudo personalizado. No livro “UMA CASA, Campos do Jordão”, que a LB Comunica desenvolveu este ano, tivemos muitas experiências fotográficas e, dentre elas a “gourmet”. Em nosso caso tudo era muito real e, depois de tudo, ainda pudemos saborear os pratos após a sessão de fotos rs.