9.13.2016

As dores e as delícias do follow-up


- Oi, tudo bem? Quero falar com o “fulano”!
- Sim, é ele, tudo bem?
- Está com tempinho? É sobre uma sugestão de pauta.
- Claro, meu caro, pode falar.

Há uma mística, um embaraço e uma insegurança no começo. Com o passar do tempo e da experiência, a rotina acaba transformando as conversas telefônicas diárias com os jornalistas tão naturais que é possível até criar relações de amizade com quem está do outro lado da linha, mesmo que o jornalista esteja a quilômetros de distância.

Follow-up, para muitos, ainda é um tabu dentro do trabalho de assessoria de imprensa. Conheço, na minha trajetória profissional, pessoas que são excelentes assessores, gerentes de contas e interlocutores com clientes, mas que são incapazes de ‘vender uma pauta’ por meio do follow-up. Parece uma contradição. Só parece.

Fazer follow-up e conseguir ‘vender uma pauta’ é uma realização e tanto. Não só por saber que o seu tema tem relevância dentro deste imenso universo ou que você venceu a concorrência de outros tantos follow-ups, mas pelo fato que, por um brevíssimo momento, você teve poder na decisão e escolha de alguém. Receber um ‘sim’ e emplacar uma entrevista ou artigo compensa os outros vários ‘nãos’ que a gente recebe nesta aventura.

Talvez o leitor esteja achando um tanto exagerado usar o termo ‘aventura’, mas vou explicar porque não é exagero. Veja só: além da óbvia concorrência já destacada, o assessor de imprensa ainda tem que lidar com muitos e muitos ‘perfis’ de jornalistas. E como eles são diferentes: tem o que atende numa boa; o que pede para falar rápido; o que pede para ligar daqui a duas semanas; o que não pode falar porque está ocupado ou em fechamento; e o que não está nem aí. Só para citar alguns.

Por isso, ser assessor de imprensa é ser uma espécie de computador humano para coletar, arquivar e utilizar a nosso favor todos esses ‘perfis’. Não raro, a gente já sabe até que ponto um follow-up vai ser bem ou mal sucedido logo nos primeiros segundos de conversa. O mais importante é não perder a esperança. Sabe o slogan “sou brasileiro e não desisto nunca”? Se você trocar ‘brasileiro’ por ‘assessor’ terá o mesmo sentido.

Ao longo da minha carreira, aprendi a gostar de fazer follow-up (ok, me julguem!), principalmente pelo fato de ser ‘obrigado’ a falar com pessoas de diversos cantos do Brasil, com suas peculiaridades, sotaques e trejeitos que fazem esse País ser inigualável. Follow-up é, antes de tudo, uma excelente forma de conhecer os diversos ‘Brasis’ pelo som do telefone.

É, também, um aprendizado, já que não existe um manual do que é certo ou errado, uma vez que cada um tem o seu jeito característico para abordar o jornalista. Mais formal ou aquele que de tão informal parece que você o conhece há 15 anos, o importante é fazer cada ligação com o máximo de atenção e zelo. Um follow-up bem feito é garantia de que o jornalista jamais se esquecerá de você e pensará em você quando tiver alguma necessidade de pauta.

Só quem faz follow-up sabe as dores e as delícias dessa parte do nosso trabalho. Agora, vocês me dão licença que tenho muitos follow-ups para fazer. Até a próxima!

MARCOS Vargas
Assessor de imprensa na LB Comunica
rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política

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