9.11.2013

11 de setembro, uma tragédia de oportunidades

Estar atento às datas comemorativas e eventos da atualidade pode dar mais visibilidade ao seu anúncio, campanha ou à uma postagem como esta, que não está aqui nesta data por mera coincidência. Claro que este não é o único fator que vai fazer deslanchar a sua publicação, mas é um ponto importante a se considerar. Os criativos adoram usar essas oportunidades, afinal, quando se fala de processo criativo é imprescindível que a peça tenha um mix de situação cotidiana + inovação. Dessa maneira, nada melhor do que usar o assunto do momento.

Uma prova disso são os diversos anúncios criados com base no ataque terrorista às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Os feedbacks que eles receberam não foram totalmente positivos, afinal é um assunto delicado que abalou a estrutura financeira e emocional de uma superpotência, feriu a moral política norte-americana e, muito além disso, envolveu quase 3.000 mortes de cidadãos de quase 70 países.

Neste aspecto, um anúncio que talvez tenha sido o mais polêmico aqui no Brasil foi o da WWF Brasil, em 2009, que relaciona o fato com os problemas ambientais. A peça, premiada com Merit no OneShow (2009), ilustra dezenas de aviões indo em direção a Manhattan, Nova Iorque, e afirma “... o Tsunami matou 100 vezes mais pessoas do que o 11 de setembro de 2001. O planeta é brutalmente poderoso. Respeite-o. Preserve-o.”. Para a opinião pública norte-americana a veiculação foi desrespeitosa. Embora estratégias como esta já tenham sido utilizadas muitas vezes no mundo da publicidade, para eles é imperdoável que brinquem com a data.

A WWF disse que jamais viu e aprovou a criação – condenando a peça. Do outro lado, a agência que assinou o trabalho declarou em nota que o anúncio Tsunami para a WWF Brasil foi criado no ano de 2008, pedindo desculpas a todos que se sentiram ofendidos: “Este anúncio nunca deveria ter sido feito e não retrata a filosofia desta agência”. A campanha também foi composta por uma peça impressa e por um vídeo:




Os nossos vizinhos lá de cima são tão traumatizados que se sentiram ofendidos até com a minimalista abertura da quinta temporada da série “Mad Men”. Eles disseram ao jornal The New York Times que são ofensivos por trazerem à mente a imagem das vítimas forçadas a saltar das Torres Gêmeas. Outdoors e outras peças de mídia exterior retratam um homem de terno preto, o protagonista Don Draper, em queda livre, em referência à abertura do programa. O AMC, canal americano de televisão por assinatura, emitiu esta declaração explicativa ao Times: "A imagem de Don Draper rolando pelo espaço tem sido usada desde que série começou, em 2007, para representar um homem cuja vida está em crise. A imagem usada na campanha serve como uma metáfora para o que está acontecendo na vida ficcional de Don Draper, e de forma alguma referencia eventos reais.”










Já outros anúncios foram mais neutros, ou usaram a estratégia de forma que não soou agressiva à população e principalmente aos familiares das vítimas. Veja alguns:
  

"For nature, everyday is 9/11?" (“Para a natureza, todo dia é 11 de setembro”), para a Fondation Nicolas Hulot.


Things hard to explain, in a language you understand.” (“Coisas difíceis de explicar, numa linguagem que você entende.”), para The Moscow News.
 

Terrorism - related deaths since 2001: 11.337 • Tabacco - related deaths since 2001: 30.000.00” (Terrorismo - mortes relacionadas desde 2001: 11.337 • Tabacco - mortes relacionadas desde 2001: 30.000.00), para a ASH.


Americans stand United” (“Os americanos estão unidos”), para a Arab American Institute.
Este inclusive está, hoje, na home do site deles, com a mensagem de que estão de luto em apoio a toda nação no marco do 12º aniversário da tragédia.


Texto ao lado dos prédios do World Trade Center: “2.863 people died” (“2.863 mortes”)
Texto ao lado da menina: “630 million of homeless people in the world. The world against terrorismo. It should also be Unitedagainst poverty.” (“630 milhões de indigentes no mundo. O mundo unido contra o terrorismo. Deviam fazer o mesmo contra a pobreza”), para a MTV.

Esta campanha ficou no ar apenas um dia e foi censurada pelo governo dos Estados Unidos, pois minimizavam o atentado ao WTC diante da AIDS, da fome e da miséria. Três variações faziam parte da campanha.


Reading Humo can have serious consequences.” (“Ler Humo pode causar consequências graves.”), para a Humo. Essa revista ficou famosa pelos seus anúncios com alto teor de humor.

Quando o anúncio cai na crítica negativa, muitos dão aquela bela e velha desculpa de que o job não foi aprovado ou que houve um erro no processo de aprovação e até mesmo que os responsáveis já não trabalham mais na empresa. Até que ponto é verdade, não se sabe. Para que não ocorram situações embaraçosas é muito importante que pessoas de diferentes vertentes deem o seu pitaco na ideia/mensagem. A bagagem de cada um pode dar um olhar muito diferente para um mesmo assunto de acordo com os valores que se tem.

PAULO Matos Jr
Coordenador de criação na LB Comunica,
rato de academia e baladeiro de plantão

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