11.14.2014

Sob o temporal ― só que de eletrônicos

Mais uma da série “Sem Noção”: eletrônico supera qualquer papo e quase qualquer outra coisa! Atenção: a qualquer momento, teremos notícias sobre pesadelos coletivos de pilhas e pilhas de eletrônicos correndo atrás de nós pelas ruas, dentro de salas de aulas, durante reuniões de trabalho.

Não é brincadeira. Parece cada vez mais difícil conseguir tempo para conversar, ouvir de verdade o que outra pessoa está falando, sem ao mesmo tempo checar as últimas notícias, a previsão do tempo, as mensagens e fotos dos conhecidos ― ou não ―, no celular ou no tablet.


Pessoas conscientes encaram a situação com perplexidade e se sentem na areia movediça. Enxergam o problema, sabem que parece errado ou ao menos estranho levá-los a todos os lugares (inclua-se cama, banheiro, até a templos religiosos), mas também adoram mexer nestes aparelhinhos e não conseguem ficar longe deles por mais do que alguns minutos.

Outros fazem parte do grupo de inconformados, aos brados de “Eu não aguento mais esse vício!”. Pais se desesperam porque veem as horas perdidas de seus filhos com os jogos eletrônicos, muito além de qualquer período razoável de tempo. Pobres avós, tias, que encontram os pequenos com desejo de conversar. Eles mal levantam os olhos para cumprimentá-las. Já tem criança que não sabe conversar ―e, claro, adulto também. Afinal, conversar sobre o que?

O que pode superar hoje um celular ou um tablet na mão? É quase irresistível! O que faremos? Será que é melhor buscar ajuda dos universitários?

Fico pensando nas alternativas. Enviar uma mensagem sobre o que fez no último final de semana a um número indefinido de pessoas é melhor do que ligar para um amigo (só um) e convidá-lo para uma pizza em casa?

“Curtir” a foto do cachorro do seu amigo (que pertence a ele, bem-entendido) vale mais pontos do que marcar um encontro para tomar um café? Pode dar maior visibilidade, mas será que dura mais do que 15 minutos na memória? Gera alguma emoção, deixa saudades?

Conheço algumas pessoas que fogem de alguns tipos de entretenimento e escolhem outros. Amigos que estão sempre com um livro na mão, acabando um e começando um novo. Mas são exceções.

Estamos ganhando tempo? Ou perdendo?

Seja qual for a nossa escolha, acho que é importante não perder a noção, a educação e muito menos tudo o que existe de bom na relação entre as pessoas.

Eles já se posicionaram. Confira!

ADRIANA Gordon
Coordenadora de redação da LB Comunica,
advogada e mãe em tempo integral

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