McArthur
Wheeler é o nome de um cidadão que assaltou dois bancos, em Pittsburgh, Estados
Unidos. Como disfarce, ele passou limão na cara, pois ouviu falar que isso o
deixaria invisível pelas câmeras de segurança. Obviamente, o gênio foi preso no
mesmo dia e isso o deixou muito surpreso.
Esse
caso inspirou Justin Kruger e David Dunning a estudar e tentar entender como
alguém tem tão pouca noção daquilo que pretende fazer e confirmaram que, em
caso de extrema incompetência, a ignorância pode ser tão grande a ponto de a
pessoa ignorar aquilo que ignora.
O
estudo recebeu o nome de efeito Dunning-Kruger, que é quando a autoconfiança intelectual é sustentada por
pessoas que possuem conhecimento limitado e, até mesmo, completo
desconhecimento sobre determinada técnica.
É isso que levou uma senhora de 80 anos a restaurar uma
pintura da igreja de Borja, da Espanha, e acabou destruindo o quadro.
Isso
chega ao ponto de pessoas não reconhecerem a falta de talento que têm e não
saber reconhecer o talento dos outros e o quanto não se comparam, como julgarem
que sabem fazer uma tarefa, como uma criação de um logo, layout para site ou
outra arte de criação, pensando que é fácil e simples, que se leva cinco
minutos, sem saber de todo o processo e estudo que acontece antes de se chegar
naquele resultado.
Tendemos, ao saber pouco sobre um assunto, a ter a impressão
de que nosso conhecimento é muito maior. O reflexo desse excesso de falso
conhecimento pode gerar malefícios tanto para o ambiente profissional, como
para a carreira individual e aí que está o perigo – é a mesma incompetência que
os restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros.
Não
precisamos de muitos “porquês” para descobrir quão raso é o nosso conhecimento,
mas geralmente focamos naquilo que sabemos, ou achamos que sabemos e ignoramos
o quanto ignoramos.
Quando
estamos querendo nos informar sobre alguma coisa, as referências que vão
contra as nossas ideias causam incômodo e são descartadas, principalmente se a
nossa opinião for forte sobre o assunto e, obviamente, é mais fácil ler sobre
aquilo com que concordamos. É muito mais confortável.
Por
isso, passamos horas lendo mais sobre o que já sabemos, causando a ilusão de
que estamos nos informando mais, quando, na verdade, estamos apenas reforçando
ideias que já tínhamos. Existindo um perigo de que mentiras ou informações
erradas que concordam com o que já achamos serem facilmente assimiladas e
tratadas como verdade.
Um
bom jeito de saber se temos conhecimento profundo sobre alguma coisa é fazer
uma lista de argumentos, como um grupo alemão mostrou quando perguntaram para
as pessoas se elas são agressivas ou não. Pediram para o grupo A listar seis
situações em que foram agressivas e para o grupo B foi solicitado o dobro. O
resultado foi curioso, pois no grupo A, que listou seis, as pessoas se achavam
muito mais agressivas do que aquelas que listaram doze e repararam que não havia
tantas.
Foi
a falta de argumentos que fez as pessoas perceberem que não tinham tanta razão
naquilo que pensavam.
Em
discussões de internet, nos tempos de hoje, essa realidade é bem demostrada. Os
dois lados têm toda razão, mas, normalmente, ambos têm um conhecimento raso do
assunto e nunca pesquisam o outro lado.
Por
isso, sempre que alguém vier com argumentos para contradizer o que você pensa,
peça para a pessoa explicar mais profundamente as justificativas e listar mais
dois ou três motivos, além daqueles que listaram e perceba como as certezas
irão se desmanchar. E o mesmo vale para mim e para você! Sempre é bom checarmos
nosso nível de conhecimento.
E
volto à pergunta inicial: qual é o seu conhecimento sobre seu conhecimento?
THIAGO Jardim
criação na LB Comunica
ilustrador, apaixonado por Mangás, Animes e Games |