8.15.2017

Envelhecer no Brasil – é hora da sociedade se preparar


Buzinas, pressa, reclamações: a falta de paciência contamina a sociedade. Temos pressa para tudo: chegar ao trabalho, sair dele, chegar a qualquer atividade, chegar a uma festa, ir embora... Essa atitude pode causar efeitos graves em alguns segmentos da sociedade. Um deles é o dos idosos.

Está na hora da sociedade se preparar para lidar melhor com seus idosos, de se comunicar de forma mais eficiente, mais gentil? Provavelmente a hora já passou, mas o relógio continua correndo enquanto a pirâmide das faixas etárias vai se invertendo. A população está envelhecendo e o número de idosos em relação aos mais jovens cresce aqui e em muitas outras partes do mundo.

Apesar de algumas marcas de renome já estarem de olho no idoso até por detectarem que ele constitui um importantíssimo nicho de mercado, a comunicação direcionada a ele deixa muito a desejar. Se os contratos por adesão (como os de bancos, redes de telefonia e internet, TV a cabo, entre outros) já são difíceis para o público em geral, quando se fala de idosos o cuidado com a mensagem que se quer transmitir deveria ser redobrado.

O desrespeito e a preconceito contra quem é mais velho precisam ser amplamente combatidos. No Brasil, aparentemente, qualquer pessoa que tenha mais de dez anos acima da nossa idade é visto como um “velho”.

Ficamos na torcida para implantar algumas iniciativas que vemos no exterior em relação a isso. Apenas de um estádio de baseball em Seattle, nos Estados Unidos, é possível tirar muitas lições e vários exemplos de inclusão: não só inúmeros idosos atuam perto das arquibancadas, indicando os lugares dos assentos comprados e dando informações, como muitos trabalhadores portadores de deficiências físicas trabalham em várias posições.

Do lado de fora do elevador, prestando orientações, uma deficiente visual; dentro dele, um cadeirante como ascensorista. Outro cadeirante do lado de fora do estádio, conferindo os ingressos e explicando como chegar ao nosso lugar.

Felizmente, algumas empresas no Brasil também atuam para mudar a cultura em relação a todo o tratamento com esse público .

Uma das propagandas que mais me emocionaram nos últimos anos começava com uma pesquisa com pessoas em seus 20 e 30 anos. A pergunta era com quantos anos eles achavam que uma pessoa é considerada velha. Nas respostas, números surpreendentes, como 45, 50, 55, 60. O passo seguinte era apresentar ao jovem entrevistado uma pessoa com a idade citada ou até mais velho. Nesse encontro, um ensinava ao outro alguma coisa que sabia fazer bem, como um movimento de yoga ou de artes marciais. Ao ver o que os idosos eram capazes de fazer – tudo o que os jovens faziam e mais, em alguns casos – eles reavaliaram seus conceitos sobre idade e mudaram radicalmente suas avaliações.

Indico apenas duas propagandas que ficam para reflexão:

Mulheres de 11 a 73 anos são julgadas de forma taxativa: “Você está velha para isso!”, em situações que vão de engravidar a ser fã de heavy metal, de voltar aos estudos a brincar de boneca. Da Natura.


Envelhecer sem Vergonha. Reflexões de pessoas mais maduras que “dão um baile” nos mais jovens. Vale a pena ver!


ADRIANA Gordon
Coordenadora de redação da LB Comunica,
advogada e mãe em tempo integral

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