1.19.2016

Piadinhas e plofts que podem atrapalhar a comunicação


No restaurante, ambiente fechado, temperatura perto dos 35 graus:

Cliente do restaurante: Moço, aqui não tem ar?

Garçom: Se não tivesse, a senhora taria (estaria) morta.
(ou algo como “Está entrando por aquela porta”, segundo parte dos que estavam sentados à mesa).

Mais tarde, fim de refeição, volta o estimado garçom.

- Vocês gostariam de pedir alguma coisa agora? É que vou no banheiro.
- Não, só traz a conta. Na volta! – respondeu a cliente.

Mal deu para esperar ele se afastar. Gargalhada geral, piadinhas mil. Fomos pegos de surpresa pela sinceridade, pela falta de treinamento, pela ausência de bom senso. Virou piada, meme.

É a vida real, não é brincadeira! Mas há jeitos e jeitos de se falar. E é preciso saber como se expressar em cada ambiente, para cada interlocutor, em cada situação.

Tem gente que só consegue falar com onomatopeias: “joguei a linha, fsssssssss, fisguei, tchtchtch, puxei e o peixão caiu dentro do barco, ploft”! Outros só conseguem explicar alguma coisa fazendo analogias: “Imagine uma torneira fechada, mas com um grande buraco no encanamento, em um sistema que recebe 100 litros por minuto, mas perde 40 em virtude do vazamento – assim está a empresa, atualmente”.


 Há os fãs das figuras de linguagem, que transformam tudo em metáforas, metonímias, prosopopeias, em geral de forma natural, mesmo sem conhecer ou lembrar de todos estes conceitos: “Ela estava morrendo de pressa para finalizar o texto, mas ainda conseguiu reunir um oceano de informações interessantes, que saltavam das páginas para deliciar o leitor”.

Como tanta coisa na vida, a prática pode levar a algum ponto mais próximo da perfeição. Quem tem mania de colocar a expressão “tipo” em todas as frases, algo tão comum entre a garotada, pode pensar em alternativas e se esforçar para usar “como”, “por exemplo”. Quem não liga para concordância e vive falando “os cara nem me chamaram para ir ao jogo” pode treinar para não passar vergonha em uma entrevista de emprego ou em um jantar na casa da namorada.

Sabe, aquele garçom nem falava de forma tão errada. O mal dele era a sinceridade, um atributo totalmente positivo. Só incomoda quando me tira o apetite.


ADRIANA Gordon
Coordenadora de redação da LB Comunica,
advogada e mãe em tempo integral

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