12.02.2013

Sorria, você está sendo stalkeado

Imagine só: você não está passando bem e decide procurar um hospital. Um que algum conhecido já tenha recomendado antes. Chega lá e espera 3 horas para ser atendido. Depois dessa espera toda, o médico mal olha pra tua cara enquanto faz uma pergunta ou outra e receita um analgésico qualquer. “Cara, isso é comum. É chato, mas fazer o quê?”. Sim, mas você, por curiosidade, joga o nome do honrado doutor no Google e acha o perfil dele no Facebook, onde encontra diversos posts do tipo “Hora de ir trabalhar. Que tédio”, “Mais um dia de trabalho! Puta chatice!”. É pra xingar muito no Twitter, né?


Hoje em dia todo mundo tem um perfil no Facebook né? Você pode até ter seu RG e CPF, mas perante a sociedade você não existe se não te acharem no Face! Se você for nostálgico, provavelmente tem uma conta no Twitter também. E, na boa, o espaço é seu, para você postar o que você bem entender para o seu público, quero dizer, amigos! E somos todos humanos, todos brigamos com o cônjuge e queremos desabafar com um amigo ou com o mundo, todos ficamos putos com os preços da Black Friday e todos ficamos de saco cheio do nosso trampo, vez ou outra! Porém, mesmo compreendendo que é natural, quão grande é a influência da nossa vida pessoal explicita na hora de alguém nos avaliar como profissionais?

Ultimamente não tenho ouvido ninguém falar sobre empresas que fazem questão de avaliar os perfis dos candidatos nas redes sociais, mas até um tempo atrás lembro de vários papos que eu tive com alguns amigos sobre “O que pensariam dessa foto onde estão todos bêbados?” ou “O que pensariam desse post que eu curti?”. Situação chata, né? E, convenhamos, se o Stephen Hawking postasse uma foto das supostas gandaias dele toda sexta, ele não passaria a ser menos brilhante apenas por não ser um respeitável pai de família!

E já houve casos públicos nos quais empresas exigiam as senhas dos candidatos para ter total noção da perspectiva pessoal dele perante o Facebook e o mundo, demonstrando uma total violação à privacidade do sujeito. Na Campus Party deste ano, aliás, o pessoal do próprio Facebook afirmou que não fica investigando os perfis dos candidatos! Mas, uma coisa é você não curtir que empresas fiquem se preocupando com o que você bebe ou com o que você come, e outra coisa é você compartilhar publicamente suas insatisfações com relação ao seu atual emprego. Já ouvi uma dúzia de casos em que o reclamão acabou demitido por conta de menos de 140 caracteres!

A essa altura, você já deve ter assistido a esse vídeo aqui, certo?



A guria não concordava com as diretrizes adotadas por sua diretoria e resolveu sair e desabafar publicamente. Ela poderia ter dado um piti na empresa, poderia ter se demitido normalmente e instantes depois postar no Face o quão feio, bobo e chato é o antigo chefe dela. Mas ela não fez isso! Preferiu ser genial e épica e fazer de uma forma maneira que a tornou um hit da internet. E o mais legal, atraindo uma quantidade gigantesca de views, do jeito que o chefe dela queria! Job final executado com perfeição, hein?

O atendimento pouco minucioso do médico já era de deixar qualquer um aborrecido, com o agravante da espera então! Mas encontrar declarações pessoais indicando que ele realmente não está com o mínimo foco para fazer seu trabalho, que é nada mais nada menos que zelar pela saúde das pessoas, de fato mancha bastante a imagem do cara como profissional e ponto. “Ah, mas será que ele não consegue ser um bom profissional mesmo em um dia ruim?”, talvez consiga! “E esse mal estar que você citou, passou depois de tomar a medicação?”, é, passou. “Então deixe o cara em paz poxa!”. 

Concordo, deixe o cara, mas um dia desses ele atende alguém que tira um print de sua falta de motivação pública, escreve um post emotivamente-abalado com o descaso dos profissionais da área de saúde no país e vai saber onde isso vai parar! Logo depois aparece alguém dizendo que o médico colocou um rato dentro do vidro de xarope e a internet cai matando em cima! Porque a internet tem o humor de uma criança, sai falando sem limites e sem a menor noção de quanto estrago isso vai fazer na vida da pessoa, agora e no futuro!

Então, se você está bravinho e quer xingar muito no Twitter, apenas pense nisso: se for o tipo de coisa que você não diria na cara do seu chefe/cônjuge/whoever, é melhor você não compartilhar com o mundo! Ou compartilhe de uma maneira criativa, como a moça do vídeo alí em cima. Talvez você até receba uma proposta melhor, em seja lá qual for a área! =]


MARCELO Rodrigues
Assistente de criação na LB Comunica
e apaixonado por games, HQs, filmes e seriados

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