4.09.2014

A publicidade instiga, a criançada abraça, os pais sofrem

O tema publicidade infantil já é muito batido nos fóruns e discussões da vida. Meu objetivo aqui não é entrar nesse mérito, dizer se concordo ou não com as novas regras incorporadas pelo Conar e discutir os casos polêmicos. Longe disso! A parada hoje é apresentar uma ideia que eu achei genial do ponto de vista publicitário, e nem tão agradável assim ponto de vista dos papais e mamães.

Então vamos ao causo: estava eu, pós-refeição de domingo em família, ligeiramente estufado de tanto comer e clamando por um docinho para fechar o banquete com chave de ouro. Eis que surge em minha frente um daqueles deliciosos wafers cobertos por chocolate. Rá, nem dei chance para ele, debulhei uns quatro de uma vez! Foi aí que me atentei para algo interessante: aquele papel laminado que envolve o docinho não era simplesmente uma embalagem, era algo maior! Bem maior!

Ao analisar o material, lembrei-me de meus tempos de criança. Como era boa aquela época de brincadeiras, ausente de compromissos profissionais... Aliás, os únicos compromissos que tínhamos eram arrumar nosso quarto, raspar o prato para ganhar sobremesa e não fazer bagunça. Era uma maravilha! Falando em fazer bagunça, isso é o que a criançada sabe fazer de melhor, seja com brinquedos ou até mesmo com comida. Você já viu a molecada em domingo de Páscoa? Eles rasgam a embalagem do ovo, jogam pra cima, brincam com a fitinha... fazem de tudo, menos comer o chocolate.

Ok, agora você me pergunta o porquê de toda essa volta que dei. E eu te respondo: a embalagem dos produtos, muitas vezes, atraem a criançada muito mais do que o próprio conteúdo. No caso do wafer recheado de chocolate, a marca foi muito esperta. Dá só uma olhada nela:



Cara, qual criança não tiraria todos os chocolates da caixa e começaria a juntar os casaizinhos?  Existem inúmeras possibilidades para montar os pares. Pense um pouco: e depois que a brincadeira já estiver acabado e todos os chocolates estiverem espalhados pela sala? Quantos deles não vão parar debaixo do sofá? Quantos deles não serão pisoteados? Quantos deles não vão sair da embalagem e cair no chão? É assim que os pais começam a arrancar os cabelos!

E a brincadeira não para por aí. Eles também têm uma outra embalagem que são canos, alguns retos, outros que fazem curva para direita, outros para esquerda... só nesse lance você consegue construir um caminho gigantesco de caninhos pela sala. Bom, né? Daí voltamos ao mérito daqueles chocolates que são pisoteados, perdidos, etc.

Todos nós sabemos que a publicidade é o meio que transforma um produto em algo público, para que a sua venda seja efetivada. Para isso, os publicitários utilizam alguns artifícios, como filmes, ações de rua, mídias sociais, entre outros. E um deles é exatamente criar uma embalagem atrativa, mas a Hershey's foi além, desenvolveu uma embalagem que permite a interação com o produto. A sacada é muito inteligente: ao brincar com a embalagem ou manuseá-la, é quase impossível não abrir e comer o chocolate. E, comendo-o, você terá que comprar mais na próxima ida ao mercado, virando um ciclo vicioso! A proposta é mais ou menos parecida com o lance de aumentar o buraco do creme dental para o consumidor gastar mais rapidamente o produto.

Nos termos que regulamenta a publicidade não há nada sobre o assunto, até porque não é algo ofensivo ao público infantil. Mas, de qualquer maneira, é uma ideia interessante a se pensar para todos os segmentos. Acho que as empresas ficariam felizes, já os papais e mamães...

GUILHERME Azevedo
Assistente de Criação da LB Comunica,
violonista de 7 cordas, sambista e palmeirense

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