Já tem um tempinho que eu quero falar sobre isso e acredito que agora seja a época mais indicada, levando em conta que acabamos de acompanhar esse evento tão especial que nos desperta tanta paixão. Não, não estou falando da Copa do Mundo, estou falando da “Copa da Propaganda”!
É, o festival Cannes Lions rolou junto com a Copa só para provar a todos que apenas nós (publicitários) nos importamos com ele, e, caramba, como nos importamos com ele.
Eu decidi estudar propaganda porque tive a impressão de que essa era a única carreira que me permitiria ganhar dinheiro fazendo um monte de coisas que eu sempre adorei fazer. Esse foi um dos pouquíssimos pensamentos corretos que tive aos 17 anos. Na faculdade eu me misturei com uma galera que tinha esse mesmo pensamento, pessoas que amavam a propaganda por ela ser um elo entre esses dois mundos antagônicos: qualquer tipo de arte e carreira profissional bem estruturada.
Mas naquele antro de criatividade havia também as pessoas que pareciam amar a propaganda simplesmente pela propaganda. Nos primeiros 3 anos essa galera parecia muito limitada e pouco criativa, mas no último ano começaram a entrar em agências gigantes, ganhar prêmios legais e falar cada vez mais de leões de bronze, prata e ouro! O Cannes Lions passou a ser um foco de atenção para todo mundo e a cada dia que o diploma se aproximava esse peso aumentava. “Quais são as chances de eu ganhar um leão no ano que vem? Nenhuma, se continuar nesse rumo!” Desesperador, né?
Foi sim. Mas passou mais rápido do que eu poderia imaginar. Ao longo do tempo fui conhecendo profissionais de tipos e lugares completamente diferentes dentro desse mesmo mundo mágico chamado propaganda e, com eles, histórias de carreiras invejáveis muito diferentes. Uns que já eram multipremiados e supernovos, outros que tinham o triplo da idade desses, uma bela carreira e só então começavam a ganhar esses prêmios cobiçados. Pena que no último ano de faculdade nós não tivemos exemplos variados assim de profissionais para nos espelhar. Aposto que isso impediria muitos colegas de desistirem da área de criação publicitária só por causa da pressão absurda de ganhar prêmios gigantescos um dia após a formatura. Claro, uma boa parte da galera desistiu por conta do longo caminho que o criativo percorre até alcançar o dinheiro, mas é principalmente nessas horas que uns projetos alternativos, freelas, entre outras opções te ajudam a se manter firme na dura jornada criativa e ainda dão uma graninha por fora.
Não me levem a mal, se você tem como objetivo entrar na “agência Y” para ganhar “x” leões, vai fundo! A beleza está justamente aí, você consegue trilhar seu caminho com base nesse objetivo numa boa. Mas se você está começando na área e se deparou com aquela situação em que se pergunta “Pô, mas é pra isso que eu tô ralando tanto? ‘Só’ pra isso?” Não cara, esse não é o único caminho. Você pode seguir com seu esforço para ter boas ideias por caminhos menos óbvios, basta ter disposição para desbravá-los.
Existe muita agência de portes, idades e objetivos bem diferentes umas das outras, assim como empresas a serem exploradas por você, caro colega jovem comunicólogo. Respire, pense, avalie suas oportunidades e seus desejos profissionais e vá seguindo apenas com um foco: TER IDEIAS INCRÍVEIS.
Claro, não vou ser hipócrita. Da mesma forma como nenhum moleque decide ser jogador de futebol sem sonhar em levantar a taça da Copa vestindo a camisa da seleção, é pouco provável que exista algum publicitário que não tenha vontade de ganhar um leão. Mas nossa área é a comunicação e a criatividade, você não precisa só seguir uma linha reta do ponto A ao ponto B, também dá pra ir desenhando uma bela e sinuosa carreira e conhecendo coisas, lugares e pessoas bem diferentes até a hora de finalmente domar essa fera! Quanto mais natural for esse processo mais prazeroso vai ser levantar essa taça, então, bora criar!
MARCELO Rodrigues Assistente de criação na LB Comunica e apaixonado por games, HQs, filmes e seriados |