7.21.2014

O Poder das Palavras – Do e-mail à divulgação ampla e irrestrita

Houve um tempo em que escrevíamos cartas. Iam do remetente ao destinatário e, via de regra, apenas os dois ficavam cientes do conteúdo.

Depois, vieram os e-mails. Tudo muito rápido, muito dinâmico, moderno. Dezenas, centenas por dia, uma enxurrada de textos para amigos, conhecidos, parceiros comerciais. O conteúdo, entretanto, ainda ficava restrito a remetente e destinatário, às vezes com mais alguns de um ou outro lado. Exceções às propagandas, divulgações de produtos e serviços enviados a quem não pedia para recebê-los.


De uma hora para outra, de pessoas que enviavam mensagens via e-mail para outras determinadas, passamos a repórteres, editores, editores-chefes, publicando e divulgando nossas valiosas opiniões a completos desconhecidos, sem saber onde iriam cair e quem poderia ler.

Com o poder das redes sociais, passamos a emitir opiniões, veredictos, verdades. Tudo isso sem filtros, sem revisão, sem um editor para mexer, cortar nosso texto, mandar refazer! De repente, alçamos cargos mais altos na hierarquia do jornalismo, sem a responsabilidade que recai sobre estes profissionais de pesquisar, de apurar a veracidade dos fatos, de ouvir os dois lados de cada história. Condutas que variam de um veículo para outro, claro, de um profissional de comunicação para outro.

Todos os dias, lemos na internet dezenas, centenas de informações que nada valem, colocadas no mesmo suporte onde repousam informações de grande valor. Somos bombardeados por dezenas, centenas de opiniões como se verdades absolutas fossem, verdadeiros dogmas. Quando desconhecemos o assunto, então, aí qualquer frase pode passar a ocupar aquele espaço em branco e vir a se tornar nossa própria opinião sobre o tema.

De férias, acompanhando de longe o que a imprensa brasileira e alguns formadores de opinião escreveram no último mês sobre graves crises ocorridas em outros países, senti um misto de sensações, de vergonha, indignação. Pessoas sem conhecimento ― quiçá, algumas com algum conhecimento e mal-intencionadas ―dando suas sentenças, condenando aqui e ali, ignorando intenções, culturas, história, modos de agir. Senti vontade de gritar a todos os seres humanos que ficassem de olho aberto, buscassem entender, se aprofundassem e não acreditassem em qualquer mentira, antes de emitir opiniões que têm o condão de exaltar ou acabar com outras pessoas, culturas, nações.

Quem sabe não seja o momento de retomar os valores mais básicos de ouvir sempre os dois lados de uma questão, de se colocar no lugar de quem está naquela situação, de buscar entender antes de rotular e sentenciar?

ADRIANA Gordon
Coordenadora de redação da LB Comunica,
advogada e mãe em tempo integral

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