6.14.2016

Como o fracasso de Dunga explica a nossa acomodação com o trabalho


A eliminação da Seleção Brasileira, precocemente, desta Copa América Centenário evidenciou não somente o péssimo momento do futebol nacional, mas também a baixa qualidade dos profissionais que atuam com a amarelinha, dentro e fora de campo. Estão enganados, porém, aqueles que pensam que este post vai querer explicar o que aconteceu nos Estados Unidos ou sugerir soluções à Pátria de chuteiras, longe disso. Quero, com esse texto, traçar um paralelo da atuação do ‘comandante’ Dunga com o nosso dia a dia profissional.

Dias antes de iniciar a preparação à Copa América, o técnico Dunga, informavam os principais jornalistas da imprensa esportiva, foi chamado para uma reunião com os dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No encontro, realizado para avaliar o desempenho do treinador à frente da Seleção nas eliminatórias à Copa do Mundo de 2018, ficou decidido que uma campanha ruim no torneio continental poderia custar o comando da Seleção Olímpica nos jogos do Rio de Janeiro e o cargo de Dunga.
 

Sabe-se que é natural a cobrança de superiores em relação aos seus subordinados quando os resultados estão aquém das expectativas. No caso de Dunga, a atual sexta colocação na tabela de classificação para a Copa do Mundo (se as eliminatórias acabassem hoje, o Brasil estaria fora da competição) e o baixo rendimento do País em alguns jogos têm incomodado a cúpula da CBF que, não raro, vê-se questionada por grande parte da imprensa e dos torcedores desde a vexatória derrota de 7 a 1 para a Alemanha.

Diante deste cenário, era necessária, portanto, uma mudança de atitude de Dunga no início da Copa América, certo? Errado. O técnico cometeu um dos maiores equívocos que podemos cometer na nossa vida profissional: não mudar. Quem acompanha a Seleção sabe que uma das grandes críticas ao desempenho do técnico é a sua formação tática, com três volantes, sem criação e pouca ofensividade. Mesmo a ameaça ao cargo não fez Dunga rever seus conceitos, o que levou o País a uma das maiores vergonhas de seu futebol: ser eliminado na primeira fase com apenas uma vitória sobre a fraca seleção do Haiti.
 

Agora, pense um pouco no seu dia a dia. O que você faz quando é cobrado por seus chefes e superiores se os seus resultados não aparecem? Continua fazendo as mesmas coisas ou tenta mudar de estratégia e adaptar-se a uma nova realidade? Muitas pessoas acabam reclamando do trabalho, mas de tão acomodadas não resolvem mudar. Às vezes, a reclamação não é pelo trabalho em si ou pela rotina que este proporciona, mas pela satisfação em fazê-lo.

Lembre-se que no mundo profissional pro atividade é bem vista, desde que planejada. Em certas ocasiões nos deparamos com uma rotina que parece nos extenuar a ponto de querermos mudar de ares. As pessoas acabam não se dando conta de que os novos ares podem estar justamente onde se está. Por isso, antes de tudo, é importante fazer duas perguntinhas básicas: será que não há nada diferente para fazer aqui? Será que não há nada de novo a ser explorado? Às vezes, estas respostas estão ao seu alcance, e ninguém poderá te dizer.

O Dunga não quis apostar na ofensividade para dar uma ‘nova cara’ tática à Seleção Brasileira e, por isso, pagou um alto preço. E você, o que tem feito para mudar a sua tática profissional? Continua naquela lengalenga, naquele joguinho chato de 0 a 0 ou muda tudo e vai pra cima? A escolha e as consequências são suas, somente suas. Bom jogo!

MARCOS Vargas
Assessor de imprensa na LB Comunica
rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política

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