8.09.2016

O choro de um gênio e o que aprender com ele


O Brasil vive um clima diferente nestas duas semanas de Olimpíada no Rio de Janeiro. É um misto de sentimentos, que começou com a belíssima, simples e certeira cerimônia de abertura e a participação de astros como Paulinho da Viola, Jorge Ben Jor, Elza Soares, Gisele Bündchen, Caetano e Gil e encerrada magistralmente com o acendimento da pira olímpica com três atletas que definem bem o esporte brasileiro: o carisma de Guga, a quase perfeição da rainha Hortência e a força de vontade de Vanderlei Cordeiro de Lima.

Embrenhada à caótica situação político-econômica pela qual passamos, talvez a chegada dos mais de quatro mil atletas à Vila Olímpica na Cidade Maravilhosa possa dar um alento ao nosso povo, que neste período de jogos pode e poderá acompanhar e vibrar com modalidades que não estamos acostumados, como tiro, esgrima, pentatlo, canoagem e por aí vai. E também com velhos e novos ídolos e heróis nacionais e internacionais.

Porém, mais do que as conquistas, o que me marca bastante nos Jogos Olímpicos são os exemplos. E um deles já bateu forte no meu peito no segundo dia de competições. No domingo, o maior favorito à medalha de ouro no tênis masculino, o sérvio Novak Djokovic, foi derrotado por 2 sets a 0 para o argentino Juan Martín Del Potro. Ao final da partida, abatido, o tenista não conteve as lágrimas e, aplaudido, se despediu da quadra abraçado aos brasileiros.

Mas por que o choro do Djokovic é um exemplo? Bem, para responder essa questão vamos a um pequeno e atual perfil do tenista. Multimilionário, detentor de 12 títulos de Grand Slam – os torneios mais importantes do tênis mundial – e atual número um do ranking, Novak Djokovic não precisa provar mais nada para ninguém que é um dos maiores no seu esporte, ao lado de lendas como Roger Federer, Pete Sampras, André Agassi, Rafael Nadal, entre outros.

Mesmo não tendo nada a provar, Djoko veio ao Rio de Janeiro disposto a representar o seu país da melhor forma possível, com orgulho e determinação que somente um verdadeiro campeão tem. E não conseguiu. E se culpou e desculpou por isso. O reconhecimento da torcida levantou o ânimo do tenista a ponto dele declarar: “Estou triste, mas ao mesmo tempo feliz. Sou de outro país, mas me senti como se fosse brasileiro. Nunca vou esquecer disso”.

Apenas para exemplificar a diferença de postura de um campeão, neste mesmo dia a nossa seleção de futebol masculino, mais uma vez, decepcionou a torcida ao empatar sem gols com o fraco time do Iraque. Ao final da partida, abatidos por mais um jogo ruim, NENHUM dos jogadores brasileiros teve a coragem de atender à imprensa à beira do campo e explicar para o seu torcedor o porquê da fraca atuação.

Na mesa redonda pós-partida, o tenista Gustavo Kuerten, um dos meus ídolos desde sempre, ao ser questionado sobre a recusa dos jogadores em explicar o jogo, disse uma frase que ficará para sempre como mantra. “Até nas derrotas você tem coisas boas para falar”. E completou afirmando que com elas você aprende o que é ganhar. A Olimpíada nem chegou à metade e já me faz pensar. Até o final, muitos outros exemplos surgirão.
Pense nisso.  

MARCOS Vargas
Assessor de imprensa na LB Comunica
rockeiro e palmeirense, fã de livros biográficos e sobre política

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