Acorda apressado, trânsito, trabalho, leva e busca filho, curso, come quando dá tempo, mais trabalho, supermercado, dá um jeito em casa... Não temos tempo para nada. Tudo o que nos resta é correr para lá e para cá. É isso?
É isso que explica o uso indiscriminado dos emoticons e dos “kkkkk”, “rsrsrsrs” e outras esquisitices do gênero no mundo das abreviações, que não existiam há poucos anos? Se não temos tempo para nada, como conseguimos mandar dezenas de mensagens por dia e receber outras tantas? Como nos preocupamos em checar o celular a cada minuto em busca de novidades? Se você consegue ficar imune a isso e usa seu tempo com mais sabedoria, parabéns.
É isso que explica o uso indiscriminado dos emoticons e dos “kkkkk”, “rsrsrsrs” e outras esquisitices do gênero no mundo das abreviações, que não existiam há poucos anos? Se não temos tempo para nada, como conseguimos mandar dezenas de mensagens por dia e receber outras tantas? Como nos preocupamos em checar o celular a cada minuto em busca de novidades? Se você consegue ficar imune a isso e usa seu tempo com mais sabedoria, parabéns.
Fiquei pensando em como será que podemos fazer alguém ler algo até o fim nos dias de hoje? Teremos de adequar nossos textos e poesias?
Confesso que sou algoz e vítima: não gosto, mas acabo cedendo a duas ou três abreviações nas minhas mensagens ― só que, todos os dias, sou atacada por centenas de letrinhas soltas, carinhas sorrindo e símbolos diversos. Acredito que estou sofrendo de emoticonfobia. Não dá aquela satisfação de ler alguma coisa e imaginar, como fazíamos com os personagens e cenários de um bom livro, lembra? Às vezes, não vem nem uma palavrinha, só aquela mensagem colorida. Radicalismo não é legal em nenhum segmento, então voto sempre pela busca de um certo equilíbrio.
Contribuição da minha colega de redação, Adriana Pinheiro: acesse e confira o uso e abuso dos emoticons em um clipe da música “Roar”, da cantora Katy Perry.
Passar emoção? Fico com a palavra, bem escolhida, bem colocada. O mesmo vale para a imagem: uma bela foto, a ilustração certa. E por que não ter o melhor dos dois?
A propósito, leia a poesia original, “Retrato”, de Cecilia Meireles:
“Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?”
ADRIANA Gordon Coordenadora de redação da LB Comunica, advogada e mãe em tempo integral |